Quanto tempo que não te via... Tinha esquecido como era te observar, mesmo que de longe, sem sequer intervir...
Na última vez, vi em teu olhar uma tristeza e certa preocupação, um turbilhão de confusões exigindo decisões...
Mesmo sabendo que não cabia a mim a solução, não cabia a mim...
E apesar das raivas que já senti, te olhar hoje é relembrar dos tempos áureos do cabaret, onde a única raiva que eu tinha era de me despedir e as vezes, despir meus mais secretos sentimentos.
E nesse louco strep-tease de roupas, sapatos e acessório, todos em formas de palavras, me pergunto se tudo não fazia parte apenas desse jogo traiçoeiro que perdi. Pensei que era Poker e entrei blefando, não sentindo, não ligando, não gostando e até mesmo não acreditando...
E como diz o ditado azar no jogo, sorte no amor, mas se não era amor, era jogo, tenho azar em dobro?
Sinceramente eu não sei, só sei que virei a mesa e me entreguei.
Me dei,
Me entreguei,
Te adorei,
Aproveitei
E acreditei. Acreditei não, ainda acredito e me nego duvidar.
Mesmo que do jogo das palavras, hoje só reste silêncio e constrangimento, ainda relembro saudosa, te esperando de volta no meu cabaret, para mais uma partida, quem sabe ainda nessa mesmo vida...